Bom dia caros leitores. Como hoje é o dia nacional do controle do coleterol, preparamos uma matéria especial para vocês. Boa leitura...
Entende-se por dislipidemias as alterações dos níveis sanguíneos dos lipídios (gorduras) circulantes. Quando esses níveis estão aumentados, recebem a denominação de hiperlipidemias, que são classificadas em hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia (CUPPARI, 2005).
A problemática da hiperlipidemia reside na comprovada relação que essa alteração metabólica mantém com o aparecimento da doença arterial coronariana (CUPPARI, 2005).
Os níveis séricos de colesterol total (CT) foram avaliados no Brasil em regiões específicas. Um estudo conduzido em nove capitais, envolvendo 8.045 indivíduos com idade mediana de 35 + 10 anos, no ano de 1998, mostrou que 38% dos homens e 42% das mulheres possuem CT > 200 mg/dL. Neste estudo, os valores do CT foram mais altos no sexo feminino e nas faixas etárias mais elevadas (SBC, 2007).
As dislipidemias podem ser consideradas de acordo com a sua etiologia: primárias quando relacionadas a alterações genéticas e ambientais; ou secundárias, quando associadas a outras doenças ou uso de medicamentos (CUPPARI, 2005, p. 289).
A caracterização do tipo de dislipidemias encontradas com base nos exames laboratoriais, temos (CUPPARI, 2005):
- hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do colesterol sérico;
- hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos triglicerídeos;
- hiperlipidemia mista: aumento do colesterol e triglicerídeos;
- hipoalfalipoproteinemia: redução da fração de HLD isolada ou associada a alterações do LDL e/ou triglicerídeos;
- hiperalfalipoproteinemia: aumento da fração HDL isolada ou associada a alterações do LDL.
A seguir tabelas com os valores de referência para o diagnóstico das dislipidemias, de acordo com idade:
Tabela 2 - Valores de referência para o diagnóstico das dislipidemias em adultos >20 anos | ||
Lípides | Valores | Categoria |
CT | <200 | Ótimo |
200-239 | Limítrofe | |
≥240 | Alto | |
LDL- C | ||
< 100 | Ótimo | |
100-129 | Desejável | |
130-159 | Limítrofe | |
160-189 | Alto | |
≥190 | Muito alto | |
HDL-C | ||
<40 | Baixo | |
>60 | Alto | |
TG | ||
<150 | Ótimo | |
150-200 | Limítrofe | |
200-499 | Alto | |
≥500 | Muito alto |
FONTE: SBC, 2007.
Tabela 3 - Valores de referência para os lípides entre 2 e 19 anos | ||||
Lípides | Idade (anos) | Valores (mg/dL) | ||
Desejáveis | Limítrofes | Aumentados | ||
CT | <170 | 170-199 | ≥200 | |
LDL | <110 | 110-129 | ≥130 | |
HDL-C* | <10 | ≥40 | - | - |
10-19 | ≥35 | - | - | |
TG* | <10 | ≤100 | - | ≤100 |
10-19 | ≤130 | - | ≤130 |
FONTE: SBC, 2007.
A terapêutica é iniciada com medidas compatíveis com hábitos de vida mais saudáveis: mudanças alimentares, controle de peso, estímulo ao exercício físico e combate ao tabagismo. Não sendo atingidos os objetivos propostos, deve ser considerada a associação de drogas e, excepcionalmente, outras medidas podem vir a ser adotadas (SBC, 2007).
O tratamento das dislipidemias primárias deve ser mantido indefinidamente, com determinação do perfil lipídico, inicialmente após 2 meses e posteriormente a cada 4 a 6 meses. Essas determinações podem ser feitas em períodos diferentes, a critério do médico (SBC, 2007).
O objetivo geral da dietoterapia é reduzir os valores de CT e TG, mantendo-se a necessária adequação nutricional. Nos indivíduos responsivos, a dietoterapia reduz a colesterolemia em até 10-15%, após 45-60 dias. As hipertrigliceridemias respondem mais rapidamente e intensamente às modificações alimentares (SBC, 2007).
Para o tratamento da hipercolesterolemia podem ser adotadas sugestões de cardápios com graus variáveis de restrição de gordura e colesterol (SBC, 2007).
Com relação aos micronutrientes, ênfase vem sendo dada ao efeito antioxidante da vitamina A, b-caroteno, vitamina E e vitamina C. Este efeito poderia ser útil na prevenção da oxidação das LDL, mecanismo importante na fisiopatologia da aterosclerose. Alguns estudos clínicos para prevenção primária, em andamento, sugerem que o b-caroteno e a vitamina E podem ser benéficos, diminuindo o risco de eventos coronarianos. Os mesmos efeitos não têm sido observados com o uso da vitamina C. É importante ressaltar que as quantidades diárias necessárias de micronutrientes são obtidas através da ingestão adequada de frutas e vegetais (SBC, 2007).
A dieta vegetariana pode ser eficiente, mas envolve outros princípios e, a longo prazo, pode acarretar algumas importantes deficiências nutricionais se não houver acompanhamento especializado. A participação de nutricionista treinada na área específica de lípides é sempre recomendada (SBC, 2007).
O tratamento medicamentoso das dislipidemias inclui os hipolipemiantes, que devem ser empregados sempre que não houver efeito satisfatório das MEV ou impossibilidade de aguardar os efeitos da MEV por prioridade clínica. A escolha da classe terapêutica está condicionada ao tipo de dislipidemia presente. Na hipercolesterolemia isolada, os medicamentos recomendados são as estatinas, que podem ser administradas em associação à ezetimiba, colestiramina e eventualmente a fibratos ou ácido nicotínico (SBC, 2007).
No tratamento da hipertrigliceridemia isolada são prioritariamente indicados os fibratos e, em segundo lugar, o ácido nicotínico ou a associação de ambos. Pode-se ainda utilizar nesta dislipidemia, o ácido graxo ômega-3 isoladamente ou em associação com os fármacos. Na hiperlipidemia mista, o nível de triglicérides deverá orientar como o tratamento farmacológico será iniciado. Caso os níveis de TG estejam acima de 500 mg/dL, deve-se iniciar o tratamento com um fibrato, adicionando, se necessário, ácido nicotínico e/ou ômega-3. Nesta situação, a meta prioritária é a redução do risco de pancreatite. Após reavaliação, caso haja a necessidade de redução adicional da colesterolemia, pode-se adicionar uma estatina e/ou outros redutores da colesterolemia. Nestes casos, deve ser evitado o uso do genfibrozil em associações entre fibratos e estatinas. Caso os níveis de triglicérides estejam abaixo de 500 mg/dL, deve-se iniciar o tratamento com uma estatina isoladamente ou associada à ezetimiba, priorizando-se a meta de LDL-C ou Não-HDL-C (SBC, 2007).
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